sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Quinto conto - O vendedor de Sonhos.

Bem gente, estou inspirado esses dias, aqui vai um conto que queria escrever já a um tempo. 
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O VENDEDOR DE SONHOS
Prologo

A chuva banhava meu corpo enquanto eu caminhava. Nada importava, nada mais era relevante, além da chuva que lavava minhas almas.

Eu segui caminhando por horas, ou talvez segundos, o tempo não importou para mim, só a chuva que purificava minhas almas e limpava meu corpo.

Antes me sentia sujo, em corpo e espirito, criatura banal, mas agora tudo fazia sentido, eu havia renascido de meu casulo. Meu casulo feito de sonhos despedaçados.

Não pense mal de mim caro leitor, não ouve mortes, não ouve dor física. Além da minha.  
Porem o que aconteceu dentro daquelas colunas circulares foi muito pior, porem muito melhor.

Eu vi o caos e o caos me viu, nos amamos e nos unimos, porem, tudo tem sua consequência.
Para mim, viver para sempre, graças as almas que agora vivem em meu corpo, em sua dança de êxtase, moradoras de meu coração.

Isso para mim não se tornou uma benção. Não existia mais meu antigo eu, agora nos éramos 3 almas, unidas em um só corpo, ou caso queira olhar por outro ângulo, um corpo com 3 almas, condenado a vagar pelo mundo. Nós somos legião, nós não somos mais humanos.

Caos, esse seria meu nome, o nome daquele que me amou, daquele que tocou minha alma com seu poder e que me tornou o que sou.

Agora, eu, Caos, sem sexo, sem cor, sem nação, sem passado ou presente,  sou um vendedor de sonhos, um mercador de artigos para o Destino.

Essa é a historia de como eu me tornei o que sou. Essa é a Historia anterior a chuva que lavou minhas almas.

Capitulo I

O sol banhava o campo de trigo que se alongava pelo horizonte, eu e meus amigos estávamos ali, sorrindo para o céu cor de safira, hora azul e hora róseo que se alongava em mais um nascer do dia.

Eramos três, Eu, Felipe e Camille.

Camille tocava sua Harpa como que estivera em um transe, com seus olhos fechados, privando o mundo do violáceo de sua íris, deixando que seus cílios pesados se tocassem. Seus longos cabelos vermelhos sendo acariciados pelo vento, sua pele de leite salpicada de sardas avermelhadas e seu sorriso que iluminava o mundo.

Felipe pintava seu quadro, imortalizando o horizonte com suas ligeiras e precisas pinceladas, misturando as tintas e alisando com sua pericia a tela branca que se transformava perante meus olhos.  Seus altivos olhos de uma profunda cor canela emoldurados pelo negro de seus cílios focavam hora o céu, hora a terra e hora a tela. Seus fortes braços e corpo definido, brilhando com o suor que escorria em sua pele bronzeada pelo sol, enquanto ele movimentava o pincel pela palheta de tintas e pela obra, quase viva, que começava a nascer. Seus cabelos curtos e negros brilhavam, pelo conjunto de suor, luz do sol e vida, que pulsavam dele para o mundo.

Eu estava ali, em cima da arvore que dava sombra para nosso pequeno paraíso, enquanto sentado olhando o nada, hora ouvindo a musica, hora vendo a pintura, deixava minha mente vagar pela poesia  que em um papel eu rabiscava ligeiramente, deixando minha mente fluir pelo infinito.

Não sou tão vivaz  e brilhante quanto Camille, nem tão atlético e alegre como Felipe, sou só eu,  Daniel, com minha pele cor de especiarias, meus cabelos castanhos encaracolados e meus olhos, que se desfocam e correm o mundo em minha mente.

Terminando de escrever, respirei, senti aquele momento que sempre ocorria, a pausa, a pausa que ocorria ao mesmo tempo em todos nos, seguida do momento onde algo era liberto, onde tocávamos a alma do mundo, onde o prazer era puro caleidoscópio de emoções.

Mirei o papel, a harpa começou, brilhante e calma introdução, seguida de traços firmes sobre a tela, seguindo o ritmo, seguindo a energia que nos circundavam, tudo estava novo, tudo era arte.

Minha voz começou quase por sua própria razão, cantando o poema que estava no papel, eu me sentia um maestro para eles, eu sentia a dança, eu cantava a dança que controlava o mundo, eu podia ver ela. Ali sim, eu me sentia vivo, unido ao todo.

“Venha  som, doce paixão.
Canto sobre o tempo.
Venha tornado, venha tufão.
Leve fúria do vento.”

Senti a mudança, junto com o fim de meu verso a harpa mudou, ouvi as furiosas pinceladas rítmicas. Comecei o segundo verso.

“De mar a mar, de luz a dor.
Liberte-se, correnteza de raios.
Vinde ligeiro, sobre o por-sol.
Vinde estrelas de março.”

Mudando para um lento e triste fim começamos em uníssono o terceiro verso, a tensão poderia ser sentida, o mundo nos ouvia, minha voz tocava a existência, esse foi nosso maior erro, tocar o intocado.

“E no final, ao som da tristeza.
Caia as flores de aço.
Caia rios de sideral espera.
Caia a luz sobre o mormaço”

Abri meus olhos, as flores caiam levadas pelo vento, a nuvem negra cobria o horizonte, os raios vibravam intensamente e uma nevoa branca cobria o mundo a nossa volta, vinda dos rios e lagos que nos circundavam.

Rimos maravilhados pelo que já havíamos descoberto a algum tempo, juntos, podíamos dançar com a existência, juntos, criando nossa arte, poderíamos pintar com as tintas de Deus e tocar o instrumento do Divino.

Minha voz era a voz do Destino, ou o destino controlava minhas palavras? Eu acho que era o único que se interrogava. Eu deveria ter pensando mais nisso.

O quadro estava pronto. Ele era lindo e aterrorizante ao mesmo tempo.

Ele era vivo.

Ele era uma foto da mente do Tempo.

Nos éramos muito imaturos para entender isso.

Rimos do poder em nossas mãos.

Capitulo II

Caminhando de volta para casa, margeando o rio que calmo fluía, conversávamos sobre banalidade até que ouvi a voz de Felipe, puxando de minha atenção.

Ele falava de um livro de seu pai, algo sobre magia, após mover o mundo a nossa volta, por que não tentar algo maior.

Ele falava com eloquência, pelo jeito tinha treinado. Seu sorriso e seus olhos dominavam todos antes mesmo de seus argumentos.

Eu não era imune a seu encanto.

Camille já parecia convencida.

Eu estava me fazendo de difícil. Ele não poderia se considerar um gênio.

Pelos planos deles seria simples.

Camille tocaria uma partitura que o livro pedia para ser tocada, enquanto um circulo com símbolos misteriosos seria escrito por ele sobre o pátio do templo.

Eu deveria falar algumas palavras, invocações para um Deus a muito esquecido.

Assim poderíamos receber o maior dos presentes, segundo o livro pelo menos.

Eu tinha algumas interrogações, e mesmo fascinado, e louco para fazer isso, tinha de me fazer de difícil. Interroguei sobre meus pontos principais.

Olhando com cara de desdém comecei.

Então, teremos que invadir o templo, no meio da noite, carregando a harpa de Camille.

Logo fui rebatido com duas verdades que já conhecia. Felipe era filho do Grã-Sacerdote do templo. O templo também possuía uma harpa em seu pátio.
Continuei logo depois, mesmo estando surpreso pela rapidez que me rebateram.

Vamos invadir o templo, para fazer um ritual, onde os efeitos podem ser, não sei, no mínimo estranhos, existindo a chance de sermos presos por invasão, filho ou não do sacerdote?

Vai haver uma festa, amanha a noite no palácio, eu finjo que estou doente, fujo das amas quando meus pais saírem. Disse Camilla com um sorriso de quem sabia que estava fazendo algo errado, mas divertido.

Felipe começou logo depois. Eu vou ficar limpando o tempo, como castigo por ter fugido semana passada e sido pego conversando com você.

Terminou rindo e olhando para mim fazendo uma careta de nojo e dizendo, imitando a mãe dele, plebeu imundo.

Todos rimos.

Eles tinham um plano bem bolado, eu estava sendo convencido.

Uma ultima pergunta. Disse com um tom mais serio.

E se esse “Maior dos presentes” não for algo que queremos?

Eles riram, ele olhou bem para meus olhos, dizendo. Logico que queremos ele, é o maior dos presentes, o maior de todos.

Eu estava convencido.

Nos encontramos então no templo, amanha pela noite?

Ouvi um sim em uníssono.

Preciso levar algo para o rito? Perguntei encabulado, não possuía muito dinheiro, afinal, um órfão não possui muitas coisas.

Nada além de sua voz.

Camille disse com um sorriso.

O mundo era simples.

As ilusões de nossas palavras e atos cobriam nosso mundo.

Eramos condenados indo até a forca.

O preço seria alto.

Porem eramos tão felizes.

Capitulo III

A noite caia pesada, estava eu, ali, mal vestido sentindo o frio do inicio da primavera. A nevoa poderia ser cortada com uma faca.

Como combinado fui até o portão lateral, com um medo cada vez mais crescente coloquei minha mão no ferro frio do portão. Colocando força nele senti a pesada barreira cedendo, abrindo a meu comando. O frio em minha barriga só aumentava, não sabia mais se era pela temperatura ou pelo medo de ser pego. Isso com toda certeza seria punido com bem mais do que açoites na praça, o que eu já estava acostumado naquele tempo.

Cruzando o jardim inicial, sentindo o aroma do jasmim e das gardênias que começavam a florir fui caminhando pelo caminho de pedra negra que levava até o pátio que iriamos usar, ele ficava escondido da vista do templo, coberto por arvores floridas de um vermelho intenso.

Sai do caminho de pedra, indo pela grama, paços curtos, olhos assustados, ouvidos atentos.

Passando pelas roseiras que roçavam minha pele, ferindo meus braços desnudos cruzei o terreno, entrando no pátio circular, contornado de colunas intercaladas, brancas e negras, mármore e granito, luz e sombras. A almas e o corpo.

No chão, mosaicos com um Sol e uma lua roubavam a atenção de seu oposto, a abóboda celeste, que em toda sua gloria, brilhava com estrelas argênteas.

Levei um susto que roubou minha voz, quando vi Felipe com um Cervo morto a seus pés, e um pincel grande em suas mãos. Ele estava praticamente banhado no sangue do animal. Enquanto concentrada, Camille se preparava já sentada a frente da Grande harpa de bronze que enfeitava o pátio do eterno eclipse.

Já estávamos começando sem você. Brincou Felipe com um sorriso.

Que nojo, por que matou o pobre animal? Disse olhando a cena tão estranha a minha frente.

Esta no livro, é a tinta para os sinais. Disse Felipe.

E você tinha que se banhar nele?

Sim. Pelo que parece tem de ser. Felipe fazia uma cara de nojo.

Rimos até ouvir o som da voz de Camille nos repeender.

Estamos atrasados, estou pronta, podemos começar? Disse com uma voz impaciente.

Vamos.

Me entregaram uma pagina do livro, Felipe mandou eu ir para o Leste, virado para o Oeste, e ao sinal, o velho sinal da pausa, começar.

A pausa durou um pouco, muitas respirações banhadas com o aroma ocre do sangue do Cervo,  misturado com o doce das rosas, gardênias e jasmins. O mundo era um misto de sensações. Tudo parou na grande pausa, em uníssono começamos.

O som da harpa era rítmico, forte, invocando não só o som, mas todos os sentimentos da alma humana. Ela inspirava medo e paz, amor e ódio, ira e harmonia, o desejo e a repulsa. Ela tocava com a alma, para almas.

Pude sentir o puxão para minha vez, comecei a recitar as palavras em uma língua que não conhecia, mas para mim tudo fazia sentido, mesmo não sabendo o significado das palavras, minha voz ganhava entonações doces e rígidas, com raiva e com amor, fúria e carinho, ganhando alturas como o grito dos trovões ou calmas como um murmurar de um rio.

Na minha frente Felipe, em transe desenhava símbolos que nunca havia visto antes, traçando tal qual um animal que caminha, e em vez de pegadas e marcas, tal qual um dançarino que corria em espirais a ribalta, traçando sinais ao vento com seus movimentos graciosos, os símbolos surgiam, traçando o chão do pátio.

O tempo passava sem que víssemos, o mundo corria hora com a velocidade da águia que bate suas asas no céu, hora com a velocidade das arvores que observam o mundo em seu lento crescer.

Tudo fazia sentido, tudo era incrível, o poder nos rodeava em espirais de fumaça e nevoa.

Com a luz da lua banhando nossos corpos, nossa arte, nossa união. Pude sentir o peso a nossa volta, a leveza no centro, percebi que não mais lia o papel, nem Camille lia a partitura, e a muito Felipe parou de copiar os traços. Estávamos em nossa dança, em nossa arte, em nosso momento.

Só continuávamos, então aconteceu. O Clarão.

O mundo se abriu em lua e sol, o mundo se dividiu em dois.

Do leste ao zênite o mundo era dourado e vermelho. Denso, belo e masculino, pingando o desejo pelo embate iminente, ali estava Felipe, em pé, os olhos brilhando com o fogo do sol, com o corpo vermelho do sangue do sacrifício, nu, olhando para mim com um sorriso que não lhe pertencia.

Eu estava com medo.

Do zênite até o oeste o mundo se tornou azul e prateado. Leve e húmido, belo e feminino, pingando calma e serenidade, morte ao mesmo tempo vida. Ali estava Camille, nua, em pé, com os olhos brilhando com os raios da lua. Sorrindo um sorriso que não lhe pertencia, com uma seriedade em seu rosto que eu nunca tinha visto nela.

Eu estava confuso.

Ambos apontaram para mim. Suas mãos se moveram em sincronia, e ambos sorriram, antes de falar em uníssono, como uma só voz.

Invocador,  ouça a voz do caos. Doce Daniel, ouvimos seu chamado, ouvimos o clamor de suas vozes. Fui despertado de meu sono para que vocês adentrem nas portas secretas. Para que cruzem o tempo, para que cruzem as definições.

Lagrimas corriam pelo meu rosto enquanto via o lento caminhar do universo em harmonia. Não eram camilla e Felipe, eles não estavam ali, o mundo, em sua nova harmonia me chamava, a musica que rege o universo agora podia ser ouvida alta e clara. Eu estava com dor.
Daniel, receba o maior dos presentes, receba o caos em seu coração. Receba a união plena. Torne-se Deus comigo, torne-se o  inexistente. Esse é o pagamento pelos sacrifícios a mim ofertados.

Ouça meu nome. Receba sua benção e maldição.

O nome foi sussurrado em meu ouvido, quente porem frio, húmido porem seco, calmo porem em fúria. Um nome tão longo que não pode ser dito por bocas humanas, porem tão curto que não pode ser entendido por ouvidos profanos.

Senti o mundo se dissolver, ou seria eu me dissolvendo no mundo?

Senti o dissolver da realidade, o inicio de minha sina.

Noite e dia, lua e sol, vermelho e azul. Felipe e Camille. Tudo se dissolveu e se uniu a mim.

Ali estava eu, em pé, no centro do circulo.

O sol brilhava em meu olho direito. A lua brilhava em meu olho esquerdo.

Meu corpo estava banhado com o sangue do Cervo. E meus dedos sentiam a dor por ter tocado a harpa tão intensamente.

Olhando a minha volta pude ver, Felipe jazia morto no chão a meu lado. Camille abraçava a harpa com seus olhos apagados. Ambos morreram, eles foram meus sacrifícios mais doces, porem, ainda estavam ali comigo, minha mente estava banhada com suas emoções, memorias, sensações, meu corpo lembrava de seus toques, suas dores, seus prazeres.

Eles estavam ali, agora não existia mais Camille e Felipe, agora não existia mais Daniel.

Eramos um só. Eramos tudo e nada.

Ouvi a voz do Deus sussurrando em minha mente.

Que esse seja seu premio, senhor do Destino a sua volta, que essa seja sua punição.

Qual é seu nome, Senhor dos sonhos e das conquistas?

Eu disse, com minha voz recém conquistada, que não só guiava a sinfonia a minha volta, mas pintava o que Deus pensou e tocava a sinfonia em todos seus instrumentos.

Caos, que eu seja o que me guiou e o que me envolve.

A chuva caia a minha volta.

Os sonhos de três pessoas morriam ali naquele pátio. Esses foram nossos sacrifícios.

Eu comecei a andar sem rumo, lavando minha alma, meu corpo e minha mente.

Eu havia renascido do  limiar do mundo. Eu havia contemplado o incontemplável, tocado o intocável.

Não havia mais tempo para mim, não havia mais sexo, não havia mais limitações, eu era tudo.

Hora homem, hora mulher, hora velho, hora novo, hora belo, hora feio. Eu era um sonho, ou um pesadelo. Eu era um Deus, vestindo roupas de sonhos e nevoas, colecionando historias para satisfazer meu coração, conhecendo destinos para entender o meu.

Eu me tornei um vendedor de sonhos, enquanto recebia meu pagamento em canções que ecoavam das almas humanas.

Eu me tornei  Caos.





quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Quarto conto - A Mascara Branca



Bem gente, já tem um tempinho que não posto nenhum poema, cronica ou sei lá, acho que vou retomar isso. Espero que todos vocês (Cri cri cri cri) que me seguem (cri cri cri cri) curtam essa cronica. Beijos...

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A Mascara Branca.
Capitulo unico

Ele acordou sentido o peso da noite passada, poderia chamar aquilo de festa, poderia chamar aquilo de emboscada, tortura, mas fazer o que, preferiu chamar aquilo de Vodka de graça. Riu enquanto sua cabeça doía um pouco,  ainda meio tonto pela ressaca olhou com seus olhos castanhos a sua volta, bem, parecia um quarto, um pouco acima de qualquer quarto que se lembrava, e com 22 anos, bem, digamos que esse não foi o primeiro quarto misterioso que ele acordava. Sou uma puta, pensou enquanto olhava para o chão buscando suas roupas, já havia tomado ciência de que estava nu há alguns minutos, devia seguir o protocolo, riu enquanto revisava os passos que ele mesmo traçou depois de alguns mal entendidos. 

Olhou os tênis perto da escrivaninha, um pé da meia na cama, a cueca, bem não achou sua cueca e resolveu esquecer ela, olhou para o canto para encontrar sua camiseta, conferir para ver se era sua mesmo, polo preta e branca, confere. Suas calças jeans estavam difíceis de achar, mas ali, ele logo pode ver uma perna da calça saindo por baixo da cama. Se vestiu rápido, entre um cambalear e outro.

Após vestido olhou em volta, procurando um banheiro que talvez não existisse no quarto, bem, pelos deuses existia. Ele foi em direção do banheiro, entre flash’s de uma noite ainda caótica em sua mente, lembrava da festa, lembrava dos intermináveis  shot’s de vodka que continuavam chegando, lembrava daquele homem de olhos azuis profundos e cabelos negros como a noite, lembrava de ter de olhar levemente para cima quando estava perto do cara, alto, corpo definido, pele branca e  olhos profundos.

Lembrava de falar algo com ele, ou o cara falar com ele? Tudo era muito confuso começando dai, e só piorava. Lembrava de um lençol vermelho, dos corpos nus,  lembrava da mascara, uma mascara de ossos que circundava sua mente, sempre aparecendo, sempre absorta de seus pensamentos. Não queria pensar na mascara.

Entrando no banheiro olhou para o espelho, ignorou a marca roxa em seu pescoço, ajeitou os amassos na roupa com a mão, arrumou seu cabelo cor de cobre, sorriu angelicalmente para o espelho. O espelho já estava partido quando entrei no banheiro? Pensou confuso. Não tinha notado até então os cacos de espelhos concêntricos em um ponto. 

Voltou para o quarto, a tontura já havia passado, olhou para a cena a sua frente, tudo estava diferente de uma maneira diferente. Pensou, não de novo não.

A cama permanecia vermelha, mas não pelo lençol, pelo sangue que escorria e manchava o piso de madeira, marcas de luta por todo lugar, a cômoda virada, o armário aberto, marcas de cortes nas paredes, sangue espalhado pelo alvo da pintura, caos, morte, tudo cheirava a caos e morte.

A mascara, ela esta ali, rindo para ele, a mascara de ossos e nevoa, olhando no fundo de seus olhos, ele tinha de fazer parar. Pegou um vaso enquanto gritava, atirando contra a mascara.
Ouviu o som de estilhaçar.

Não do vaso, não só do vaso. Olhando viu, tinha acertado um espelho.

Começou a rir, gargalhar, como se acha-se graça de algo que só parte dele sabia, e essa parte não iria contar para ele. 

Passou as mãos sobre seu rosto, sentindo a sua pele lisa, sentiu algo em suas mãos, algo que não tinha notado antes. Sangue seco.

Novos flash’s da noite anterior passaram em sua mente. Tudo fazia sentindo a ele agora, aliviado ele sentou na cama.

Tirou da cabeceira da cama um cigarro, acendeu com um esqueiro que estava sobre a cômoda. Tragou profundamente e soltou a fumaça, enquanto olhando para o nada, com seus olhos vidrados, sentia a fumaça envolver ele, tudo agora fazia sentido.

Lembrou de ir para casa, sua casa, estava ali, seu quarto.

Lembrou de tirar a roupa e beijar a pele de seu companheiro casual. 

Lembrou de agarrar o cabelo dele enquanto mordiscava sua pele.

Lembrou de amarrar o mesmo a cama, enquanto riam juntos, pela antecipação.

Então lembrou da mascara, ali, com ele no quarto.

Lembrou dos gritos inumanos de seu companheiro.

Lembrou também do gosto metálico em sua boca, seus olhos selvagens de predador, as lagrimas nos profundos olhos de seu companheiro, e por fim, o silencio, o sabor doce do sangue, e o corpo inerte. A sim e a mascara, sempre a mascara de ossos.

Olhou para o corpo frio com olhos opacos, ali,  ainda amarrado na cama, olhou para a garganta dilacerada, lambendo os lábios lembrou, enquanto ficava duro pela memoria, de toda a diversão que tiveram na noite passada, ele e a mascara..

Tenho de arrumar o quarto, pensou.

Tenho de trabalhar hoje pela tarde. 

Sorrindo, olhou para a mascara que era refletida na janela de teu quarto, olhou para a floresta que circundava sua casa, pelo menos da vista da janela, e mandou um beijo para seu companheiro. 

Aquela mascara branca que sempre o acompanhou.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Terceiro conto - O Som dos Trens

Oi gente, vou postar um bem pequeno agora, escrevi faz meses, aproveitem...
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Mas um sol nasceu e se pos sem que fosse notado, agora tudo eram horas, tudo era um grande marcar de ponteiros, assim pensou Hana horas antes de com uma pequena lamina cortar os pulsos. Tudo era banal, tudo era passageiro - falou com a voz quase se apagando de dor, não a dor dos cortes, mas a dor de sua alma, a dor de ver pela janela suja pela poluição, essa neblina cinza e mórbida, as pessoas andando sem olhar realmente para o outro que caminha a seu lado.

Ali, deitada em sua cama, em uma poça de sangue, com seus longos cabelos negros soltos e emaranhados, molhados pelo sangue que quase não flui mais em suas veias, seus olhos cor de mogno e sua pele bronzeada pelo trabalho. Ali sozinha como sempre foi, ouvindo o som do trem das 20 horas, passando tão próximo, nunca gostou de morar ao lado dos trilhos, sorrindo com o pensamento sarcástico diz ao vazio – Pelo menos é a ultima vez que ouço o barulho ensurdecedor dos trens.

Falando com uma voz lenta, já sentia o sono final chegando, quase prevendo serem suas ultimas palavras - Amanha vai estar escrito Hana Hinamori, jovem de 22 anos, solteira, comete suicídio em seu pequeno apartamento no bairro de Arakawa.

Deixou uma lagrima solitária escorrer pelo rosto, limpando a pequena mancha de sangue em sua bochecha enquanto passava, disse - E mesmo assim, não tenho inimigos para rir de minha morte, ou amigos para chorar, nem familiares que lembrarão de mim, sou só, eu, minhas lagrimas salgadas e meu doce sangue, só a gente nessa cama.

Sentia um sono incontrolável, e de olhos quase cerrados podia ver, ali na sua frente as garras frias de um Shinigame retirando sua alma pelos cortes em seu pulso, aos poucos como quem sorve um delicado vinho e deseja provar o gosto refinado, de maneira lenta mais constantemente.

Sabia que seria assim, já tinha ouvido historias, mas considerava somente contos, pequenas lendas, nunca acreditara neles, enquanto olhava para os olhos negros do shinigame disse – Isso, coma minha vida, como minha morte, devore o fim que me resta, já que o mundo devorou cada um de meus sonhos e alegrias banais – fez uma pequena pausa e disse antes de cair no seu ultimo sono - Devore minhas dores, so restaram elas em mim para você.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Segundo conto - CONCHAS, PAIXÕES, E MARÉS.

Oi gente, outro conto meu, postado de ultima hora, espero que aproveitem.

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1 – prólogo
Sobre Madeira e águas


No belo mar de Okinawa, as margens da plácida praia da Ilha Ikei, as águas calmas e transparentes reluziam ao sol na manha, uma balsa solitária com um pobre pescador buscava algo mais do mar do que alimento para o corpo, ele buscava alimento para o coração.

Em meios a falésias de rocha negra e pequenas ilhas que tal qual montanhas de pedras surgiam do mar com suas arvores e vegetação.

A pequena balsa de troncos velhos, onde as marcas de muitos anos no mar já se mostravam presente, seja nos crustáceos e mariscos presos a madeira ou simplesmente no velho pescador ali sentado, admirando o mar com uma concha prateada nas mãos colada ao ouvido, ouvindo uma pequena serenata de ondas e sons marítimos, peixes, a voz taciturna das baleias. Aquela não era uma concha simples, ele sabia disso, ele mesmo havia comprado ela a muito tempo. Olhando para a filha ao seu lado, 16 anos ela faria amanha, acariciou os longos cabelos lisos e negros da filha, fitando os olhos azuis como as ondas do mar, e dizendo em tom sereno disse.

- Filha, chegou o momento de contar uma historia para você, a nossa historia, a tua historia, quer ouvir?

A filha parada a sua frente acenou com a cabeça, se ajeitou na balsa para ouvir a historia confortavelmente, sempre fora um mistério seu nascimento, mas finalmente saberia, finalmente descobriria esse pequeno mistério que envolve sua familia.


2 – Inicio
A Concha de prata


Filha há muito tempo atrás, a 17 primaveras mais ou menos, eu era jovem, tinha meus 38 anos, estava no auge do vigor, porem não tinha conhecido ainda um amor, pescava a tempos nessas águas meu anjo, meu único amor vinha do mar, os peixes que pescava em minha ligeira rede, os mariscos que colhia ao mergulhar, ou perolas que vendíamos quando achávamos.

Filha, seu pai pescava muito peixe, e como não tinha familia para alimentar, e meus pais, seus avós a muito já tinham morrido, sempre sobrava muito peixe das pescas, logo naquele dia em especial consegui uma boa quantia e fui ao centro do vilarejo para comprar algo. Chegando nas ruas de terra batida cobertas e pedras pude ver num canto escuro uma pequena senhora no chão da praça, velha, com roupas gastas pelo tempo, ela vendia um único item, de longe só pude ver o brilho pálido do objeto sobre lençóis finos de Seda azul e vermelha.

Olhando para face dela dessa distancia pude ver um sorriso acolhedor, mas tambem toda pobresa em sua face, via um misto de fome e cansaço da vida, tal qual ágüem que por muitas horas carrega um grande fardo.

Perguntei por educação o que era aquele item em especial, ela olhou meus olhos, seus olhos eram estranhos, era a primeira vez que olhava olhos que modificavam de cor como um caleidoscópio, indo do negro ao azul, do azul ao amarelo e assim até o cinza, todas as cores em uma dança lenta convergindo para uma pupila negra e bela.

Olhando-me ela disse numa voz calma.

- Querido jovem, essa concha prateada é um tesouro antigo, ao encostar ele em seu ouvido poderá ouvir todos os sons do mar, as vozes dos seres místicos das ondas, a graciosa voz dos peixes, e o canto da profundeza das águas. Porem quando preenchida da água do mar a concha chama sua antiga dona, a filha do kami das águas, a Donzela vestida de Espuma, dizem meu caro que seu Kimono é feito da mais bela seda adornada com perolas e madrepérola, seus cabelos negros e lisos são adornados por uma belíssima coroa de coral vermelho. Suas mãos são delicadas como o toque do mar do verão. Jovem moço, dizem seu coração comanda tempestades ou doces ventos.

Filha, olhei nos olhos da pobre anciã e no momento pensei que por delírios da idade, ou crendices ela acreditava nas historias que contava, e me curvando para olhar a bela Concha de Prata, perguntei o valor.

Filha, ela me olhou com doçura e disse colocando ela em minhas mãos.

- Não a valor para você bom moço, não a valor.

Olhando a concha ainda filha, disse para ela que em troca da bela concha daria roupas para ela poder se vestir e se aquecer, mas ao olhar para o canto onde ela estava não a vi mais, e por algum motivo não me importei com a Anciã de olhos mágicos, só tinha olhos para a Concha em minhas mãos.


3 – Continuação
A Donzela vestida de Espuma


Filha, as luas se passaram, e eu fomos pescar, infelizmente não houveram muitos peixes nos dias que se seguiram, e fui a cada dia adentrando o mar aberto, perdido entre as redes que jogava ao mar, não percebi que o sol já estava baixo, mergulhando no oceano quando comecei a voltar para a praia. Ainda estava longe, quando os ventos começaram a ficar agressivos, revoltos como as nuvens que rondavam o por-sol. Num rápido movimento meu pequeno barco caiu nas águas frias, eu, lutando contra ondas que tingindas de escarlate pelo sol que se esvaia, consegui chegar a uma ilhota, e nela pude descançar a perda do barco, olhando minha pequena bolsa, pude ver que tudo que eu guardava, meus pequenos tesouros estavam lá, pergaminho de minha poesias, tinta, uma pena, e a concha prateada.

Minha doce filha, retirando a concha do tecido que a envolvia, olhei para o mar, a lua estava bela nos céus, coroada de estrelas que piscavam como archotes, por um segundo me lembrei da senhora idosa e do mito que me contou, rindo por um momento, olhei as ondas furiosas que batiam contra a praia, e juntando minhas duas mãos, segurei a concha, com uma solenidade irreal enchi-a de água, e com uma curta oração e reverencia coloquei na areia a concha. Rindo pois nada acontecia fiquei ali, obcervando o horizonte, olhando as nuvens velozes sobre a lua cheia, a espuma branca das águas, e a sensação de paz que a noite trazia.

Pude ouvir por um estante uma voz indecifrável, pude sentir minha filha por um instante a doçura inresistivel no ar, e das profundesas do mar, vi, um brilho tão intenso que ofuscava a Lua. Ali minha filha, pude ver emergir uma dama de beleza sem igual, sua pele era branca como o jasmim, e seus olhos azuis como o céu primaveril, as sedas de delicado tear eram de cores ireais, sonhos tecidos com esperanças, fios de paixão que foram bordados em devaneios e fartura. Seus cabelos eram negros como a noite sem lua, e suas delicadas mãos carregavam um leque cor de onda.

Andando sobre as águas veio a minha frente, ainda pisando sobre ondas que quebravam, estendeu suas mãos pedindo sua concha, olhando meus olhos profundamente, começou a falar, mas filha sua voz era doce como o aroma das glicínias, e tão delicada como o broto do bambu que nasce contra o vento indomado, quando entreguei a ela, ela sentou sobre as águas.

Ela me disse coisas, me falou sobre o mar, sobre o amor, sobre as perolas e sobre a canção que chamamos de vida, uma melodia calma e curta para Deuses, porem para o Homem que a vive, longa e turbulenta.

Nunca me disse seu nome, a dama, porem me deixou presente, antes do sol nascer sobre nossas costas, recebi uma fita azul, feita de um material que nunca tinha visto, ao tocar em minha pele, a jovem dama se desfes em neblina, que espalhou sobre a praia.

Olhando para o sol que nascia, e par a fita em minhas mãos, vi um barco cheando perto da praia, e um amigo, pescador de longa data, chamando meu nome entre a nevoa.

Ele me disse que fiquei desaparecido por 3 dias, e que meu barco tinha chegado a costa, e que estavam me procurando a algum tempo, me levaram para casa, e adormeci, com a fita azul em meu braço minha filha.


4 – DESFECHO
Paixão, saudade e revelação.


Passaram-se dias, meses e minha vida continuou como a de todos na pequena vila, me casei com a filha de um lavrador, sua mãe meu anjo, e vivemos nossas vidas.

Mesmo tentando de tudo, sua mãe não engravidava, íamos ao templo para orar, mas não conseguíamos a benção que queríamos.

Numa noite, enquanto eu fazia amor com sua mãe, pude ver o contorno de nossos corpos na parede em nossa volta, e olhando para meu braço minha filha, pude ver a fita azul, mergulhando sobre o corpo de sua mãe, adentrando sua pele, e invadindo seu útero.

Com o Sol que viajava sobre o Céu as estações se passaram, e finalmente chegou o momento de seu parto, o inverno tinha chegado calmo, e chuvas tingiam o céu, o frio invadia as casas, e num parto muito difícil você chegou ao mundo, uma tempestade, assim descreveu a parteira para mim.

Chegando no quarto onde você nasceu, senti um súbito peso, o ar denso, um choro forte mesclado com o choro fraco de algumas mulheres, olhando com alegria pude ver você, pele branca como a neve, olhos azuis intensos, miríades de sonhos, porem que me lembravam o passado.

Olhando para o leito, percebi minha mulher, sua mãe, tão branca como você, porem inerte, como uma rocha sobre um mar de lagrimas.

Te recebi nos braços, e percebi a verdade.

Você cresceu minha filha, e a cada dia era mais evidente, mais tenebroso e maravilhoso a similaridade.

Seus cabelos eram negros e poderosos, sua pele cheirava ao mar, seus olhos lembravam o céu do meio-dia, azul intenso, porem suave.

Minha filha, eu posso ser seu pai, e sua mãe pode ter dado a luz a você, porem, so posso dizer que...


5 – Fim
Ondas, conchas, adeus.


Antes de terminar a frase derradeira, a verdade final, sentiu a leveza de um corpo velho, sentiu o céu se mover e se tornar mar, e não percebeu quando caia, olhando rapidamente para trás, viu o rosto de sua filha, tentando segurar seu corpo, porem ao simples partir do tecido de suas vestes, caiu no mar, decendo vertiginosamente para o desconhecido azul, com um único arrependimento e um único sonho, não poder contar a verdade a sua filha, mas ir aos braços do mar, sua lapide liquida e salgada, porem estaria mais próximo da jovem misteriosa.

Olhando seu pai morto, porem afundando nas águas do mar, remou até a costa, a costa mais próxima, da falésia mais próxima, da ilhota mais próxima e chorou copiosamente nas águas do mar.

Sentiu uma mão delicada em seus ombros, um suspiro carinhoso, e olhou para trás.

Ali atrás dela, estava uma senhora, com roupas belas, negras como as profundezas do mar, olhando para ela, a senhora começou a falar.

- Criança do mar, não chore, seu pai estará feliz ao lado de seu verdadeiro amor. A anos, quando nesta ilha, ele encontrou a dama do mar ele se apaixonou por ela, e ela por ele, porem, esse é um amor proibido, uma deusa, e um mortal.

- a fita azul era a prova do amor deles, porem, era mais que isso, era a consumação de um sonho. Saiba criança, quando duas pessoas desejam algo com tanta intensidade, ela ocorre, e assim você nasceu filha de três pessoas, seu corpo feito por sua mãe humana e seu pai pescador, sua alma e mente feita pela donzela do mar, e seu pai poeta.

A jovem olhou à senhora com intensidade, chorando as verdades nunca contadas, perguntou quem era ela, e porque conhecia tanto sobre sua familia.

A senhora fitou o horizonte e contou o fim de uma trama a muito tecida.

- Criança, sou uma vendedora de sonhos, vendo aqueles que desejam o que mais desejam, na verdade, os meios para conseguirem. A seu pai uma concha de prata, a Dama do mar uma fita dos Sonhos.

Assim, seu pai pode conhecer o amor, porem perde-lo e só reconquista-lo na hora da morte, quando fosse envolto pelo ser amado, e a Dama do mar poderia ter uma filha, mesmo que nunca pude-se vê-la.

Criança, a dama da água, o Kami dessa bela praia preferiu permanecer sem sua forma humana pela chance de ter uma filha. Seu pai soube do preço e do que ganharia, teria você, filha de um Kami e de um humano, e nunca passaria fome dos filhos do mar, porem sua mãe teve preço maior, teria uma filha humana, porem nunca a criaria.

A jovem chorava como o céu, que negro com nuvens carregadas chorava pelos destinos que ser abriam.

A Velha senhora olhou para ela e virando por trás de uma arvore desapareceu, tendo cumprido seu doloroso trabalho.

A jovem olhou para o mar, para as nuvens que revoltas sopravam trovões, e olhando as ondas que viam aos seus pés, começou a chorar. Dizem que se chegar perto da ilhota das lagrimas, ouvira o lamento eterno da jovem, e ao tentar se aproximar da ilhota, o mar da praia de Ikei, mãe da jovem dama, afastara sua embarcação com as ondas.

Dizem porem que a vendedora de sonhos continua caminhando pelos caminhos do mundo, buscando compradores para seus exóticos produtos.


FIM


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Oi gente, espero que tenham gostado desta tambem, se gostaram, deixem um comentario e me adicionem, e se não gostaram deixem tbm um comentario.